A Garotinha
Quando eu deito, ela chega. Sempre quer conversar. Eu também gosto.
O problema são as unhas sujas de sangue. E o resto de carne humana que aparece entre seus dentes, sempre que ela ri.
A Melhor Amiga
– Oi.
– Ai que fome!
Enfiei as mãos no bolso e dei para ela.
– Mas só isso!
– Amanhã arranjo mais, eu prometo!
– Hum… crocantes! – falou, enquanto mastigava ruidosamente.
– Quero mais! Tô faminta!
– Toma, come um dedo meu.
Os olhos dela brilharam. Ela comeu um, depois outro. Estava mesmo faminta.
A Boa Mãe
Foi há muito tempo.
Usei a agulha de tricô da minha mãe para tirar a coisa de dentro de mim.
Ninguém notou. Nunca. Nem depois de tantas décadas. Nunca.
Mas toda noite ele aparece. Deita entre os meus peitos. Ninguém o vê. Nunca. Seguro suas mãozinhas invisíveis e nesses momentos, sou uma boa mãe.