às bruxas
Madrasta, velha ou ambiciosa. Maldosa, misteriosa ou louca. Quem nunca chamou alguém assim de bruxa?
Quem nunca se sentiu meio bruxa quando fez uma premonição e … não é que deu certo?! Ou quando se olhou no espelho e o cabelo estava feio como de uma bruxa! Sogras também, vira e mexe, recebem essa: Sua bruxa!
Bem, reais ou imaginárias, as bruxas são importantes nas histórias. O que seria de “Branca de Neve e os Sete Anões” sem o ‘espelho, espelho meu’? Ou dos irmãos João e Maria sem a casa de doces – e a velha senhorinha que mora lá? E a princesa Valente (animação dos Estúdios Disney), faria o quê se não tivesse que lutar contra a maldição da mãe que virou urso? E o que seria do mundo sem mulheres como Joana D’Arc? Que se impõe, rompem tradições, são imaginativas, audaciosas e corajosas? Mulheres que sabem gargalhar. Risadas de bruxas são famosas. Despertam alguma coisa em você. Temor, um vislumbre assustador, um instante fantástico. Uma sensação natural e pouco usual. Feitiço de bruxa! Todos se rendem, quase sem querer.
No dia a dia fora dos livros, elas (las brujas) continuam em nossa imaginação (e fora dela também), mas ganham um arquétipo bem menos relevante. Ao menos com a luz acesa! As bruxas existiram (existem). É fato. “O receio contra maçãs era milenar e invadiu até a Bíblia (…) juristas e intelectuais dos séculos 15 e 16 não desconfiavam de vegetais falantes ou pactos com um diabo que ninguém nunca viu. Ninguém na Europa duvidava que bruxaria existiu” (O lado sombrio dos contos de fadas – Karin Hueck). Século 21 não tem mais caça às bruxas, na praça com a fogueira acesa para parteiras e curandeiras. Tem brasa que arde o tempo inteiro. No escuro, ou mesmo na claridade.
Este ano, lemos no Clube Amigos de Palavra de Londrina “A garota que não queria lembrar”, (Maggie Lehriman) e lá estava ela, a velha bruxa fazendo seus feitiços. E depois sendo julgada, proibida, escorraçada. Se esta figura lendária, de fato é maldosa e perigosa, como saberemos? Olhando para as pessoas acusadas de bruxaria e como nós as tratamos por centenas de anos, podemos não aprender tanto sobre elas. Mas percebemos um pouquinho quem nós somos, e do que, na hora mais escura da noite mais sombria, nós fugimos.
Quando dias como os de hoje acontecem, em que celebramos os mortos e tudo o que não conseguimos explicar ou entender, as bruxas voltam a aparecer. E se você teme o que não conhece, isso vai te assustar. Mesmo que tudo – tudo – não passe de uma imaginação criativa e potente.
Vilãs ou vítimas, o controle de forças sobrenaturais até assusta, mas também atrai. Em qualquer século.
Agora, a bruxaria é toda com você!
Texto: Irmãs de Palavra